Adestramento de filhotes:
punir ou não?
Antes de começar, é
necessário dizer que o termo punição, muito embora remeta a castigo físico,
para a psicologia comportamental é qualquer evento que interrompa determinado
comportamento. Ou seja: ignorar, dar bronca, fazer um barulho, dar um toque
físico no cão, fazer “Pshi”, cessar um carinho...
Sem dúvidas, tudo isso
está muito longe de causar dor no cachorro e muitas dessas técnicas são de
extrema importância na reabilitação de cães jovens, adultos e idosos com
problemas de comportamento.
A questão é: no caso de
filhotes, que não estão passando por um programa de reabilitação, mas, sim, num
programa de prevenção, é válido puni-lo? A resposta é: depende do tipo de
punição. Todas essas formas de punição citadas são divididas em 2 formas:
punição positiva e punição negativa.
Punição positiva X
Posição negativa
A punição positiva é todo
tipo de evento desagradável que você usa para interromper um comportamento. Ou
seja, fazer algo que o seu cachorro não gosta para que ele pare de latir
demais, de morder as coisas, de fazer xixi no lugar errado...
Exemplos de punição
positiva
Dar bronca, borrifar água
no cachorro, fazer um barulho alto, bater no cachorro, choque, dar um cutucão...
A punição positiva, a que
insere um evento desagradável, tem como efeito colateral a ansiedade. É
evidente que não queremos que filhote fique ansioso na nossa presença. Quem
nunca assistiu o pedido de desculpas de um cão, carregado de culpa, ansiedade e
emoções ruins, aos seus responsáveis humanos? Segundo B. F. Skinner “Estímulos
aversivos geram emoções, incluindo predisposições para luta e fuga, e
ansiedades perturbadoras”. Além do mais, no período dos 30 aos 100 dias de
vida, o filhote aprende todas as ferramentas necessárias à sobrevivência,
absorvendo, como uma esponja, quaisquer ensinamentos e traumas, inclusive o
medo de pessoas ou barulhos. Criar um filhote usando punições positivas
(eventos desagradáveis) é, na maioria dos casos, criar problemas não naturais
no cachorro e a quase certeza de ter um cão adulto desequilibrado.
Independente do que diz o
moço que cutuca cachorros na TV estrangeira ou moço fofo que sorri enquanto
chacoalha uma lata de moedas no ouvido do cachorro na TV brasileira, essas são
técnicas para serem utilizadas em cães adultos em processo de reabilitação
(mesmo assim, com parcimônia), nunca em filhotes. Exceto em casos muito
específicos e com um profissional especialista em comportamento canino
experiente e qualificado.
A punição negativa é
quando você retira uma recompensa do cachorro para que ele interrompa um
comportamento. Ou seja, retira algo que ele gosta para que ele pare de latir
demais, de morder as coisas...
Exemplos de punição
negativa
Ignorar um cão que queira
atenção, parar de fazer carinho quando um cão morde, retirar um alimento da
mesa que ele costumava roubar.
Cães são animais que
criam um intenso laço social, por isso, são os melhores amigos dos seres
humanos. Mas, para aproveitar tudo que um cão tem para nos oferecer é
necessário criarmos um laço pautado na confiança e no respeito mútuo, jamais na
desconfiança, medo e violência.
Filhotes, principalmente,
até os 4 meses de vida devem ser criados com recompensas, paciência, muito amor
- punições negativas apenas aquelas que retiram recompensa ao invés de inserir
um evento desagradável para o filhote. Por exemplo, se seu filhote está
mordendo a sua mão ou outra parte do seu corpo, em vez de brigar com ele,
levante e saia do ambiente, assim ele irá associar que quando morde, você se
afasta.